Minas de Angola
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ENGENHEIRO MIGUEL FERNANDO: “AS MINERADORAS DEVEM ENTENDER QUE TRABALHAR COM A MÃO-DE-OBRA DEFICIENTE CONTRIBUI PARA O BAIXO RENDIMENTO DA MINA

A entrada de novos players no mercado obrigará, certamente, a concorrência arranjar mecanismos de sobrevivência. O engenheiro e mineiro Miguel João Fernando entende que a busca pelo ouro, cobre, alumínio ou chumbo seria uma das soluções.

Há vários anos a trabalhar em minas, o profissional falou da sua própria experiência, explicando que, se pensarmos na transição energética, perceberemos que as empresas só terão “pernas” para ir atrás de Elementos das Terras Raras, se aceitarem fazer mudanças profundas ou apostarem na aquisição de equipamentos de alta tecnologia e na constante formação da mão-de-obra.

O geólogo traçou caminhos a seguir e apresentou soluções concretas para as mineradoras conseguirem garantir a permanência no mercado. Acompanhe a entrevista!

O governo deseja tornar o sector estratégico para a revitalização da economia, e com isso acelerar a redução excessiva da dependência do petróleo. Como é que as mineradoras devem interpretar esta intenção?

Pode ser entendida como uma fase de aposta na expansão do sector, isso traz consigo dinamismo no mercado, acessibilidade dos serviços, disponibilidade de informações.

E qual seria o papel da indústria mineira angolana neste sentido?

Apostar no beneficiamento mineiro interno, como abrir mais fábricas de lapidação e joelharias. E apostar numa mineralização ambientalmente sustentável, criação de bolsas mineiras, criação de pólos de desenvolvimento mineiros, criação de parcerias com bancos e prestadores de serviços. E também criação de parcerias com as instituições de ensino para fomentar a formação no sector.

Em 2020, a indústria foi fortemente impactada pela crise pandémica, o que provocou vários riscos no sector. Face a isso, como é que as empresas deveriam agir para continuarem a garantir a sua permanência no mercado?

 

As empresas devem diversificar a produção e o seu modo de actuação como agente mineiro. Um mercado maioritariamente dominado pelo diamante, torna-se saturado e os preços baixos por causa da baixa procura. Apostar em outros minerais estratégicos, como o ouro, o cobre, o alumínio, o chumbo ou Elementos das Terras Raras. Por outro lado, não precisam todos ter minas, basta fornecer serviços e meios indispensáveis a essas minas como máquinas, acessórios, academia de formação profissional. Propor a criação de um fundo mineiro nacional, penso que acabaria por acudir os prejuízos recorrentes do sector.

E o que o engenheiro vê elas a fazerem?

Pouco se tem feito. Um lento crescimento no sector se tem verificado, mas é possível se fazer mais. Factos não dependentes apenas destes e dos novos visionários do sector.

No meio disso como é que as empresas devem agir?

Pensar na mineração ambientalmente sustentável. Resíduo não é lixo e produz dinheiro, tal como a mineração. Buscar parcerias de prestação de serviços; exercer actividade sem litígios com as autoridades; apostar na capacitação dos quadros; desconfinar a cadeia com a criação de jornadas de amigos das minas, um espaço exclusivamente para fazedores directos da mineração.

A questão da capacitação da mão-de-obra, parece ser o assunto do momento. Gostaria de comentar sobre isso?

Certamente. A tecnologia contribui grandemente na rentabilização da mina, a disponibilidade desta e o manuseio precisam obedecer critérios que internamente não temos: a capacidade de atender a demanda. As mineradoras devem entender que trabalhar com a mão-de-obra deficiente e/ou sem domínio dessas ferramentas é um tiro certeiro na improdutividade e no baixo rendimento da mina.

Pela sua experiência no sector, quais acha que em 2023 deverão ser os principais desafios das mineradoras em Angola?

Pensar na mineração ambientalmente sustentável. Perceber que o resíduo não é lixo e produz dinheiro tal como a mineração; a criação de bolsas mineiras, feiras de minas, publicação de informações relacionadas a actividade mineira no país.

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A nossa linha editorial assenta no relato de informação sobre o sector dos recursos Minerais (Não Petrolíferos) em Angola, com incidência nas actividades geológicas e minerais, nomeadamente, a prospecção, exploração, desenvolvimento e produção de minerais, distribuição e comercialização de produtos minerais, protecção do ambiente.

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