Depois de concluídos os trabalhos de prospecção, numa área de 331,75 quilómetros quadrados, iniciados em 2017 na aldeia do Penicacata, município de Buco-Zau, e depois de ter avançado para a fase de exploração, em Outubro de 2021
A Sociedade Mineira Buco-Zau pode, este ano, materializar a primeira comercialização de ouro a compradores do mercado nacional e internacional, dentro das políticas do Executivo de diversificação das exportações, para a aquisição de divisas. Ao apresentar cumprimentos no final de ano, o governador de Cabinda, Marcos Alexandre Nhunga, admitiu que as primeiras vendas de ouro da província vão acontecer este ano, com a venda oficial de 15 quilogramas de ouro bruto, marcando um passo histórico no sector mineiro do país. De acordo com o secretário provincial da Indústria, Recursos Minerais e Petróleo, Henrique Bitebe, a comercialização dos 15 quilogramas de ouro é fruto da experiência dos ensaios de prospecção, efectuados pela Sociedade Mineração Buco-Zau. Para Henrique Bitebe, com a concretização desta venda oficial, o mercado internacional vai valorizar o ouro de Cabinda, o que vai permitir atrair mais investidores internacionais. Referiu que, existindo mais investidores no sector mineiro e a confirmar-se as condições técnicas do produto, a exportação do ouro de Cabinda vai tornar-se num processo regular. "É importante que surjam mais empresas a investir no sector mineiro de Cabinda, porque os 15 quilogramas de ouro não superam o investimento feito pela empresa”, disse, adiantando que, com a venda, a província mais a Norte do país vai entrar nos indicadores de comercialização de ouro do mercado internacional. "Se fizermos a primeira venda e confirmarmos a qualidade do ouro de Cabinda, penso que iremos atrair mais investidores e, certamente, mais empregos serão assegurados para os jovens, pois, só com os trabalhos de exploração em desenvolvimento, a Sociedade Mineração Buco-Zau conseguiu empregar 80 jovens”, sustentou. Segundo Henrique Bitebe, a exploração de ouro no município de Buco-Zau é um ganho para província de Cabinda, em particular, e para o país, em geral. "Depois de um período de exploração, já se pode falar de venda de ouro de forma oficial e, também, podemos falar da produção efectiva de ouro e isso já é muito bom”, referiu. Segundo apurou o Jornal de Angola, a Sociedade Mineração Buco-Zau é a única empresa que, neste momento, possui licença de exploração de ouro no município de Buco-Zau, enquanto ao nível do município de Belize a empresa Mineradora Lufo é a que faz estudos de prospecção, junto ao rio Vutu, numa área de 375 quilómetros quadrados. A Mineradora Lufo iniciou os trabalhos de prospecção em 2017 e os resultados obtidos são também animadores, havendo a hipótese de começar com a exploração de ouro nos próximos tempos. Empregos à vista Os trabalhos de prospecção e exploração de ouro, que as sociedades mineiras Buco-Zau e Lufo levam a cabo nos municípios de Buco-Zau e Belize, contribuem na redução do índice de desemprego no seio da juventude. A título de exemplo, a Sociedade Mineira Buco-Zau empregou, na primeira fase dos trabalhos de prospecção, 80 jovens. Durante a fase de exploração de ouro, a empresa prevê empregar outros 150 trabalhadores. O mesmo está a acontecer com a Mineradora Lufo, que empregou 20 jovens na fase de prospecção e prevê garantir mais de 70 empregos directos na fase de exploração. O exemplo concreto é dos jovens Joaquim Cipriano, 30 anos, e Jorge Capita, 27, que encontraram o primeiro emprego na Mineradora Lufo. Para eles, a satisfação é enorme, por terem conseguido o que tanto desejavam para o sustento das suas famílias. O operador de máquinas Joaquim Cipriano disse que gosta do trabalho que faz na Mineradora Lufo, já que está a ajudá-lo a ter maior experiência no ramo mineiro. "O trabalho está a correr muito bem e não tenho nenhuma queixa, apesar de ser um trabalho que exige muito esforço físico. Mas a satisfação é enorme, porque com este emprego já consigo sustentar a minha família e a mim mesmo”, contou. O seu colega, Jorge Capita, também se mostra satisfeito, por ter encontrado o primeiro emprego na Mineradora Lufo. Segundo ele, os trabalhos de prospecção efectuados vão possibilitar à empresa encontrar muitas quantidades de quilogramas de ouro, o que vai permitir arrecadar mais receitas para empregar mais jovens. "Está a ser bom, trabalhar nesta empresa. Aliás, é uma organização excelente, porque valoriza o trabalhador e estamos a trabalhar conforme manda a Lei do Mineiro Angolano. Penso que, com a descoberta de mais jazidas de ouro, muitos jovens poderão encontrar o seu primeiro emprego aqui”, ressaltou. Mais investidores O secretário provincial da Indústria, Recursos Minerais e Petróleo, Henrique Bitebe, convida os empresários nacionais e estrangeiros a investirem em Cabinda no ramo mineiro, com o objectivo de alavancarem o sector, que ainda continua tímido. "Queremos convidar mais empresários nacionais e estrangeiros a virem a Cabinda, a fim de investirem no ramo mineiro e precisamos de investidores fortes, já que há vontade do próprio ministério na facilitação de licenças e áreas de exploração, o que ajuda na dinamização do sector, assim como a sua participação na redução da taxa de desemprego”, disse. Outras sociedades mineiras A par dos projectos das sociedades mineiras do Lufo e Buco-Zau, também existem mais dois projectos em carteira. Tratam-se dos projectos da sociedade Lombe Mining, que vai ocupar uma área de exploração de 381,5 quilómetros quadrados, na Comuna de Miconje, município de Belize, e Mongo-Mongo, no município do Buco-Zau, que se localiza numa área de exploração de 195 quilómetros quadrados. Para Henrique Bitebe, os estudos de prospecção que estão a ser efectuados pelas duas sociedades, apontam para a existência de ouro, o que vai permitir relançar a actividade mineira da região. Henrique Bitebe afirmou que os tais estudos vão igualmente determinar os tipos de minerais existentes em Cabinda, a par do ouro, fosfato e petróleo. "Aconselhamos as empresas a apostarem numa exploração primária, porque a secundária é aquela em que qualquer pessoa pode fazer, sem respeitar os princípios da preservação do meio ambiente, enquanto a primária é complexa e exige recursos humanos qualificados, meios técnicos e tecnológicos de ponta, que ajudam a tornar os estudos de prospecção e exploração mais inovadores e eficientes”, concluiu. Mineral em garimpo A exploração ilícita e desenfreada de ouro, nas margens do rio Luali, no município de Buco-Zau, 120 quilómetros a Norte de Cabinda, está a causar danos incalculáveis ao ambiente, com a criação de grandes ravinas, que ameaçam destruir muitas casas ribeirinhas, denunciou o administrador do município, Óscar Dilo. O administrador, que falava na tradicional cerimónia de cumprimentos de fim de ano naquele município em que se produz muita madeira, afirmou que maior parte dos bairros periféricos, cujas casas estão situadas ao longo do rio Luali, estão na iminência de serem "engolidas” pelas ravinas, que estão a ser criadas pelos garimpeiros de ouro, uma situação que, segundo descreveu, poderá ser fatal para muitas famílias que residem naquela periferia. "Está a ocorrer, no município de Buco-Zau, um crime ambiental e esse crime é punível nos termos da lei, com penalizações graves que podem começar em multas ou mesmo cadeia para quem comete”, alertou o administrador Óscar Dilo, para quem "aquele que for apanhado, depois da moratória que as autoridades do município irão conceder nos próximos dias, será severamente punido”. Óscar Dilo pediu o engajamento de todos os munícipes de Buco-Zau, na luta contra os garimpeiros de ouro, que estão a degradar o ambiente naquela localidade, com consequências danosas ao rio Luali. Na região, a exploração desenfreada de ouro é feita de forma "brutal”, ao longo da margem do rio Luali, que o deixa não só com muitos buracos como, que pouco a pouco, vão aparecendo ravinas. Para o administrador, urge a necessidade de se começar a penalizar, com medidas severas, todos aqueles que se dedicam ao garimpo de ouro em Buco-Zau, por ser uma prática que, segundo denunciou, "já começa a envolver também cidadãos estrangeiros, particularmente do Congo Democrático”. "Queremos aqui solicitar os órgão de Justiça, no sentido de submeterem a julgamento sumário e com punições severas todos aqueles que, eventualmente, estiverem envolvidos no garimpo de ouro”, apelou Óscar Dilo, para quem, "só dessa forma essa prática poderá ser banida”. O administrador não tem dúvidas de que a exploração de ouro, quando é feita de forma legal, traz consigo enormes benefícios para as populações, porque, através dos impostos, o Estado consegue angariar mais recursos financeiros para desenvolver muitos projectos sociais, por um lado, e criar empregos que dão sustento a muitas famílias, por outro. O administrador aproveitou a ocasião para destacar um conjunto de realizações feitas no ano de 2021, no município de Buco-Zau, com particular realce para a elevação do Tribunal Municipal de Buco-Zau à categoria de Comarca, as obras de construção e asfaltagem de três quilómetros de estrada, Buco-Zau/Necuto e a implementação da rede de iluminação pública. Também, destacou o projecto em curso na Comuna de Necuto, de construção de uma pequena ETA, que funcionará, segundo disse, na base do sistema gravítico. No âmbito do programa de Combate à Fome e à Pobreza, Óscar Dilo referiu que foi possível, no ano passado, a inclusão produtiva de dezanove ex-militares, nos domínios de Agricultura, Pecuária e Empreendedorismo.
A nossa linha editorial assenta no relato de informação sobre o sector dos recursos Minerais (Não Petrolíferos) em Angola, com incidência nas actividades geológicas e minerais, nomeadamente, a prospecção, exploração, desenvolvimento e produção de minerais, distribuição e comercialização de produtos minerais, protecção do ambiente.
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